Utilizamos o metrônomo porque não somos perfeitos e, freqüentemente, atrasamos ou adiantamos o andamento de uma música ou um trecho musical. Estude todos os arpejos e as escalas com articulações e ritmos diferentes, mas use o metrônomo para manter a pulsação. A utilização de uma bateria eletrônica durante os estudos é ainda mais aconselhável, pois você poderá programar o ritmo (patern) que você quiser: Funk, Bossa Nova, Swing, Bolero, Salsa, Reggae etc. Você poderá praticar os arpejos encaixando as notas na "levada da bateria" e, caso você não disponha de uma bateria eletrônica, poderá pedir para um amigo que possua um teclado com o recurso de ritmo eletrônico para que grave os ritmos em uma fita cassete.
Organize seus estudos! Grave os ritmos de um determinado estilo, por exemplo: Funk, em uma mesma fita, mas faça-o com andamentos e estilos de Funk variados (lentos, moderados e rápidos) e com variações rítmicas. Geralmente todo teclado ou bateria eletrônica tem no seu banco de ritmos e variações do mesmo. Exemplo: Funk 1, Funk 2, Funk Paraguaio etc.
Considero muito mais proveitoso e agradável estudar com uma bateria eletrônica do que com um metrônomo tipo tique-taque, pois o som do saxofone, por possuir muito volume, geralmente encobre o som dos metrônomos convencionais, fazendo com que o praticante não o escute e acabe "cruzando" o andamento, levando-o a eliminar o metrônomo de seus estudos. O metrônomo tem a função básica de manter a pulsação da música e ajuda o músico a ficar dentro do andamento, não correndo onde sinta facilidade na execução, nem atrasando onde tenha dificuldade. Pessoalmente nunca gostei de estudar com metrônomo, ao contrário do violoncelo, flauta doce ou oboé, pois neste caso, o repertório para esses instrumentos, por mim estudado, não se casam ritmicamente com uma levada na bateria e, neste caso, o metrônomo desempenha perfeitamente bem o seu papel.
Por outro lado, o estudo com o saxofone é diferente, pois o que toco está sempre ligado a um ritmo mais marcado e, portanto, à bateria. Com ela, além de ter mais apoio, posso experimentar as idéias rítmicas em cima da levada da bateria e sentir o somatório do ritmo executado por mim mais a batida programada na bateria, tal qual numa apresentação ao vivo. Ademais, todas as vezes que toco com uma banda, as minha idéias rítmicas são sempre apoiadas na bateria, sentindo o seu patern e não no tique-taque de um metrônomo. Entretanto, não imagine que o metrônomo seja o vilão da história. Apenas com a pulsação do metrônomo você não saberá, no início, as divisões típicas de estilos musicais como: samba, swing etc. Tocando com a bateria você vai, forçosamente, encaixando-se nas levadas e tomando consciência de suas divisões e subdivisões.
Os bateristas, por sua vez, adotam mais o metrônomo para estudar pois, tendo a pulsação do metrônomo como referência, podem desenvolver mais facilmente os seus paterns sem o risco de adiantar ou atrasar o andamento. Em meio a grande variedade de ritmos, a atenção dos bateristas concentra-se na pulsação do metrônomo. Isso depende da necessidade e preferência de cada um.
Para quem estuda saxofone voltado mais para a área de Rock, Pop ou Jazz, é mais interessante a utilização de uma bateria eletrônica, uma vez que os saxofonistas "clássicos", por causa do repertório, preferem o metrônomo. Imagine-se estudando uma peça clássica. A lógica recomenda o uso do metrônomo, pois sua sonata ou peça de concerto exigira acentuações e ritmos bem diferentes de uma levada na bateria, por exemplo, de Bossa Nova. Neste caso, o metrônomo desempenhará melhor o papel. Por ser neutro, ele adequar-se-á a todos os estilos. Por sua vez, a bateria com um ritmo programado (levada) é indicada quando você estuda um tema de Funk, Samba, Choro, improvisação obedecendo cifras etc, porque o aproxima mais de uma situação real. Tocando e estudando com a bateria eletrônica você aprenderá a sentir a pulsação das levadas. Sem perceber, você começará a fazer variações rítmicas em cima da pulsação da música, sem perder o "time" ou o "beat". É muito importante que você comece a estudar sempre dentro de um ritmo. Além de ser mais "emocionante", é como se voltássemos ao tempo de nossos ancestrais, os quais dançavam a noite toda num envolvente ritmo tribal.
Às vezes sinto que quando estudo com um metrônomo ou bateria não consigo parar; parece que entro num transe, como se estivesse num tipo de meditação; com os olhos fechados, sinto um grande prazer em escutar meu ritmo e meu som como parte de um todo. Muitos músicos aproveitam, de fato, esses momentos para meditar, pois a mente fica completamente livre de pensamentos do cotidiano; esses momentos transformam-se em lapsos de tempo durante os quais somos capazes de encontrar equilíbrio e paz. Outras pessoas conseguem encontrar-se consigo mesmas enquanto nadam, andam de bicicleta, correm, jogam futebol, pescam etc. Faça do seu estudo um momento de prazer, o momento de encontrar-se consigo mesmo e sinta o seu verdadeiro ritmo.